quarta-feira, 12 de junho de 2013

"Servidões", de Herberto Helder

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Acabo de ler "Servidões", de Herberto Helder. Uma sensação estranha, de um certo arrebatamento; por acaso terei acabado de ler uma pequena obra-prima, dentro da poesia portuguesa?
Este livro surpreendeu-me. Conheço razoavelmente bem (dentro do que está disponível e me é possível aceder) a obra de Herberto Helder, a sua originalidade e força; porém, este livro, ainda que na continuidade do anterior, apanhou-me um pouco desprevenido (culpa minha?), causando-me uma grande impressão.
O poeta, com os seus oitenta e dois anos, parece-me algo diferente nestas páginas: a sua voz afigura-se-me mais frágil (desalentada?), talvez até mais humana - mas não necessariamente mais dócil (pense-se por exemplo no modo cáustico como o poeta se refere aos académicos, que nos seus estudos dissecam dores alheias, abstratas, ainda que estas possam ser dores reais); julgo que, eventualmente, é também uma voz um pouco mais transparente... Mas não poderá tudo isto ser uma ilusão, um artifício, uma falsificação, uma mistificação? Obscuro até ao fim?
A morte, nestas poucas páginas, é omnipresente - daí, por vezes, ter ficado com a sensação de estar a ler o epitáfio de um grande poeta, o balanço de uma vida.
Sobre os versos, em concreto, não falo - não sou competente. Apenas me é possível alinhavar umas quantas impressões, interpretações. Acabado o livro, vou começar de imediato a releitura.

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