sábado, 29 de março de 2014

"O Bom Inverno", de João Tordo

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O Bom Inverno é o primeiro romance que leio do português João Tordo. Tendo partido para a leitura sem grandes referências (expetativas e/ou preconceitos), a leitura deste livro acabou por me agradar. Ainda que não se trate de nenhuma obra fundamental da literatura nacional (não conto regressar a ela no futuro), deu-me a conhecer um autor que escreve bem, de forma fluída, e que se preocupa sobretudo em nos contar uma história (quando não o faz, nos momentos em que esboça reflexões de caráter mais abstrato - digamos assim -, julgo que se perde um pouco em jogos de palavras mais ou menos vazias ou lugares comuns... o que, de resto, não menoriza a história).
O protagonista e narrador de O Bom Inverno é um escritor medíocre em decadência (literária, sentimental, pessoal), convidado a ir a Budapeste para participar num congresso de escritores. Aí conhece Vincenzo, também ele escritor, que o convence a empreender uma viagem até Itália com o fito de conhecer Dom Metzger, um obscuro (ainda que muito relevante) produtor cinematográfico com uma exótica paixão por balões... Percorrido mais de um terço das páginas, que até aí nos foram relatando o percurso do protagonista-narrador até chegar a Sabaudia (ou seja, a casa do produtor, onde se encontravam então diversas personalidades do mundo das artes), o livro conhece uma transformação: Dom Metzger aparece assassinado e, havendo um personagem (o artista catalão Bosco e grande amigo do defunto) obcecado com a ideia de fazer justiça pelas próprias mãos, há uma passagem para o registo do suspense... Bosco, munido de uma arma e não permitindo que nenhum dos presentes saia da casa (rodeada por um vasto bosque e sem rede de telemóvel - isolada, por isso, do resto do mundo), exige que se encontre o culpado, para que ele possa aplicar a justiça. Presos e aterrorizados, as relações entre os habitantes de Sabaudia vão-se deteriorando, e novas mortes vão ocorrer...
A história funciona, uma vez que consegue prender o leitor; apesar de algumas pontas soltas (não tanto a nível factual mas sobretudo - a meu ver - a nível das atitudes de alguns personagens), o autor não encerra mal a história... Em conclusão, posso dizer que provavelmente regressarei ao autor.

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