quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

"O Coração das Trevas", de Joseph Conrad

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Termino o ano com a leitura de O Coração das Trevas, de Joseph Conrad. Ao longo das páginas desta curta novela, fui sentindo - com a saudável ingenuidade de quem está a "descobrir" algo (parti, pois, para a leitura sem quaisquer ideias ou informações prévias) - que a história de Conrad se assemelhava bastante à desse clássico do cinema chamado Apocalypse Now, de Francis Ford Coppola (desconhecia, assim, que o realizador americano se inspirara no presente livro).
Em O Coração das Trevas, o narrador - o marinheiro Marlow - relata aos seus companheiros a sua experiência como comandante de uma embarcação fluvial ao serviço de uma companhia colonial no coração de África (para esta história, Conrad ter-se-á inspirado nas suas próprias vivências).
O autor consegue criar com muito sucesso um crescendo de intensidade (angustiante e opressiva, poder-se-ia acrescentar) ao longo do percurso de subida de um rio, por entre uma densa, ameaçadora, hostil e opressiva floresta, em direção a essa carismática mas simultaneamente enigmática figura chamada Kurtz (que corresponde, no filme de Coppola, ao coronel Walter E. Kurtz, personagem magistralmente interpretado por Marlon Brando), que é suposto fazer regressar à "civilização". A violência - a possibilidade (mas simultaneamente a legitimidade) da violência - bem como o medo pairam sobre o ambiente criado por Conrad através da sua escrita psicologicamente penetrante.
Há nesta novela uma clara crítica ao caráter depredatório do colonialismo, ao focar a avidez dos "superiores" e "civilizados" europeus na obtenção (independentemente do custo humano e moral) de marfim das entranhas africanas.

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