quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

"O Grande Gatsby", de F. Scott Fitzgerald

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O Grande Gatsby é um clássico da literatura americana com todo o direito a sê-lo. Trata-se de uma obra belissimamente escrita (e, creio, porque o li em português, nada mal traduzido na edição lida), elegante, equilibrada, inteligente. Um livro publicado em 1925 por um escritor que bem poderia ser (por aquilo que conheço das sua biografia) um dos personagens do seu romance...
De forma sintética, o narrador (Nick Carraway) testemunha como o milionário Gatsby (*) entrou na sua vida, bem como o reencontro e a história amorosa entre Gatsby e Daisy, casada com um famoso desportista. Por outro lado, pode dizer-se que o livro retrata de forma bastante conseguida os excessos (o luxo, a ambição e a ganância desmedidas, mas também a diversão embriagada, o atordoamento dos sentidos e da existência) da sociedade americana dos "Loucos Anos 20" (a época de prosperidade que se seguiu à Primeira Guerra Mundial), agarrada a um materialismo exagerado e com um novo entendimento moral.
Ainda que haja iniciado a descoberta de F. Scott Fitzgerald pelo seu romance mais conhecido, seguramente voltarei à escrita deste autor.

(*) Devo dizer que, em certas passagem, não consegui deixar de encontrar algumas semelhanças (apesar das óbvias diferenças) entre o excêntrico Gatsby e Charles Foster Kane, personagem principal do magnífico filme de Orson Welles...

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

"A verdade sobre o caso Harry Quebert", de Joël Dicker

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- Um bom livro, Marcus, não se mede apenas pelas últimas palavras, mas pelo efeito coletivo de todas as que as precederam. Cerca de meio segundo depois de terminar o livro, depois de ler a última palavra, o leitor deve sentir-se dominado por um sentimento poderoso; por um instante, só deve pensar em tudo o que acaba de ler, olhar para a capa e sorrir com uma ponta de tristeza porque vai sentir a falta das personagens. Um bom livro, Marcus, é um livro que lamentamos ter acabado de ler. (in A verdade sobre o caso Harry Quebert)
De quando em quando sabe bem ler um policial. De preferência, um bom policial - o que significa não apenas com uma trama interessante, mas sobretudo bem escrito. A verdade sobre o caso Harry Quebert chegou-me ao conhecimento como um bestseller (o que só por si não tem qualquer significado negativo, pois há bestsellers que muito me agradam, como por exemplo o recentemente relido O Nome da Rosa, ou a trilogia "Millennium", do falecido Stieg Larsson); como o que li na contracapa do livro conseguiu interessar-me, aventurei-me a ler o livro de Joël Dicker. Se gostei? Bem, esse é um assunto completamente diferente. Nestas linhas procurarei escrever a minha verdade (seguramente discutível, porque relativa) sobre A verdade sobre o caso Harry Quebert.
O jovem autor suíço deste policial relata-nos a investigação de um homicídio ocorrido há mais de 30 anos numa pequena cidade americana, e que aparentemente incrimina Harry Quebert, escritor consagrado e maior amigo de Marcus Goldman, o protagonista e narrador da história, também ele escritor. O remexer do passado vai trazer à tona um caso amoroso de tons nabokovianos (entre o Quebert e Nola, uma rapariga de 15 anos). Quem terá morto Nola? Terá sido Harry, como as pistas sugerem? Marcus, não acreditando na culpabilidade de Harry Quebert, lança-se numa investigação com o fito de inocentar o seu amigo e encontrar o verdadeiro criminoso...
O "mistério" a resolver não é desprovido de graça e interesse, ainda que as muitas voltas e reviravoltas (que poderão deixar preso o leitor apenas interessado na história) nem sempre sejam muito elegantes. Na minha opinião, o enredo tem alguma incongruências, aspetos forçados (especialmente os que no final servem para enquadrar a solução do caso), e também acaba por ser um tanto ao quanto monocromático no que se refere à informação policial (a investigação constrói-se quase exclusivamente de depoimentos). Este policial podia ser bem mais intenso se tivesse metade da dimensão - o mesmo é dizer, se tivesse menos "palha" (refiro-me, por exemplo, à exploração piegas da história amorosa, aos aspetos ligados à escrita do segundo livro de Marcus, etc.), que outros leitores poderão tomar (o que é perfeitamente legítimo) como um "colorido" extra. Além disso, não posso dizer que tenha apreciado o tipo de escrita, demasiado direto e terra-a-terra, sem subliteza (o que talvez lhe justifique parte do sucesso); o tipo de humor, excessivamente pobre, também não me agradou.
Como já escrevi, as duas figuras centrais de A verdade sobre o caso Harry Quebert são escritores; porém, no livro de Joël Dicker estão praticamente ausentes as referências a autores reais (nas cerca de 700 páginas do livro, que na aparência tanto falam de literatura, apenas contabilizei quatro referências a autores - Melville, Hemingway, Jack London, Arthur Miller; é como se escrever fosse um exercício independente de toda a tradição literária, um ofício sem qualquer sustentação intelectual). Quebert é descrito como um dos nomes maiores das letras americanas, autor do consagradíssimo romance As Origens do Mal; considerando atentamente os vários excertos dessa pretensa obra-prima que vão aparecendo aqui e além (mas também pelas "lições de escrita" sobejamente banais que pontuam o texto), não pude deixar de ficar um tanto baralhado com a mediocridade da escrita do personagem Harry (o tal singular romance mais não é que uma historieta de amor cheia de lugares comuns, ora a pender para o dramalhão patético, ora para o lirismo  lamechas). Por sua vez, Marcus Goldaman é descrito como, após um primeiro romance aclamado por toda a crítica, a "nova coqueluche das letras americanas" (o que apenas parece significar espaço mediático, fama, glamour, riqueza...); porém, mais uma vez, os excertos da obra que está a escrever (um texto de jornalismo literário, imagino eu à semelhança do texto de Truman Capote A Sangue Frio) não justificam essa aclamação, uma vez que são, novamente, de uma certa pobreza literária... Outro aspeto que Joël Dicker descreve - com ironia, é certo, mas talvez pouca distância - é o mundo ferozmente capitalista (e portanto apenas atentas ao lucro fácil e rápido) de certas editoras.
Encontrei neste bestseller ecos do primeiro livro de "Millennium" (Os Homens que Odeiam as Mulheres): ambos colocam gente das letras (escritor, jornalista) a investigar crimes (desaparecimentos e/ou homicídios) ocorridos no passado; os protagonistas vivem um período de crise (a crise da página em branco em A verdade sobre..., uma quebra de prestígio resultante de uma reportagem mal investigada em Os Homens que...); etc., etc. No entanto, comparar este livro aos de Stieg Larsson parece-me a todos os níveis desajustado, uma vez que o autor sueco consegue não só construir boas narrativas (ainda que o segundo livro seja, na minha opinião, menos conseguido), como escrever bastante bem, com alguma profundidade psicológica, com caráter. E isso faz toda a diferença. Mais absurdo ainda é ver na escrita de Dicker ecos de Philip Roth!
Termino com a reflexão (muito básica, aliás) de Quebert acerca da literatura, acima transcrita: «Um bom livro (...) é um livro que lamentamos ter acabado de ler». Se este fosse de facto o critério para avaliar a qualidade de uma obra literária, então receio bem que A verdade sobre o caso Harry Quebert seja um livro bastante medíocre para este leitor (que a chegar a meio esteve mesmo para desistir, desiludido). Esta formulação, claro está, peca por prosaica; ou então, é de um insustentável relativismo, pois se a qualidade de um livro varia consoante o leitor (uns gostarão, outros não, uns sentirão o que nos é dito que o leitor "deve" sentir, outros nem tanto), então é impossível pronunciar-se sobre a qualidade de qualquer coisa. Pessoalmente, não acredito que os melhores livros são os que necessariamente agradam a um maior número de pessoas; se assim fosse, as referências literárias do nosso tempo seriam os autores da moda, os que vendem milhões de livros e estão nos escaparates dos hipermercados, ao lado do detergente e do bacalhau...

domingo, 12 de janeiro de 2014

"O Sistema Totalitário" [ou "As Origens do Totalitarismo"], de Hannah Arendt

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Este é um daqueles livros: uma referência incontornável, um marco no pensamento ocidental, por muitos considerado um dos livros mais importantes do século passado. Uma coisa tenho por certa: várias têm sido as obras que tenho lido referentes aos regime totalitários que marcaram a história do século XX; a obra da filósofa de origem alemã naturalizada norte-americana Hannah Arendt, publicada originalmente em 1951 (ainda que tenha sido posteriormente revista, atualizada e aperfeiçoada), é quase invariavelmente citada, comentada, e (mesmo quando criticada e ultrapassada) objeto de admiração. Após ler as cerca de seiscentas páginas de The Origins of Totalitarianism (ou, nesta tradução, O Sistema Totalitário), percebo melhor as razões de tal reverência: escrita a quente, passados muitos poucos anos sobre o fim da Segunda Guerra Mundial e estando ainda vivo o líder soviético José Estaline, e sem dispor de um conjunto de informações que só muito mais tarde seriam divulgados (por exemplo, a realidade específica dos campos de extermínio nazis, diferente dos campos de concentração referidos), Arendt demonstra uma extraordinária acuidade intelectual para compreender os mecanismos próprios do totalitarismo.
Dividida em três partes, intituladas "Antissemitismo", "Imperialismo" e "Totalitarismo", esta obra na sua primeira parte tenta entender os primórdios do antissemitismo (considerando-se os seus pressupostos, preconceitos e mistificações, condicionantes contextuais, etc.) e a sua evolução para expressões de caráter agressivo (propagadas por movimentos políticos e por movimentos violentos); particularmente interessante achei a análise do processo Dreyfus, ocorrido em França em finais do século XIX. Na segunda parte a autora debruça-se sobre a existência de expressões de caráter na Europa, focando também o caso paradigmático da África do Sul (sociedade que se desenvolveu assente no princípio racial); sobre o imperialismo europeu (assente na ideia de superioridade face aos povos administrados, e estruturado numa máquina burocrática independente relativamente aos avanços e inflexões políticas da metrópole); sobre o despontar dos movimentos nacionalistas e de outros movimentos que se diziam acima dos partidos (isto num clima de um certo declínio do sistema partidário na Europa).
A terceira parte, como já se indicou, consiste numa admirável reflexão sobre o totalitarismo, partindo das realidades nazi e soviética (achei particularmente interessantes os capítulos "O movimento totalitário" e "O totalitarismo no poder"). Arendt começa por referir a importância e utilidade para os movimentos totalitários do emprego da força bruta e da propaganda: estes meios terão contribuído para a criação de um certo fanatismo acrítico (fanatismo esse que, evidentemente, minimiza as convicções pessoais, ou consegue mesmo neutralizá-las). Outro aspeto sublinhado é a recusa desses movimentos em discutir com os partidos políticos (tomados como organizações algo estáticas, contrastantes com o caráter dinâmico do conceito "movimento"); os movimentos totalitários optaram por focar diretamente as massas, procurando conquistar a sua adesão, agregá-las, conduzi-las. A polícia política e o campo de concentração são considerados pela autora peças-chave para entender os regimes totalitários; no que se refere ao campo de concentração (e não exatamente ao campo de extermínio, realidade mal estudada à data da publicação deste livro no mundo ocidental - relembre-se que a maioria dos mesmos se situavam a leste da Cortina de Ferro), Hannah Arendt toma-o como um veículo de privação da personalidade jurídica e moral das pessoas (inocentes) lá cativas, num processo de degradação do Homem; antes da aniquilação, os campos de concentração quebravam todos os laços de solidariedade, conseguindo-se a total submissão dos indivíduos (e, assim, o domínio total sobre eles).
O totalitarismo é considerado, pelas suas características próprias e pelos meios de que se serve, uma nova forma de governação, suportada numa ideologia (que se assume como uma "filosofia científica" e se arroga conhecer os mistérios e subtilezas dos processo histórico - explica a História através de uma "lei" qualquer - o triunfo de uma raça ou o fim das classes, por exemplo -, que simultaneamente permite a compreensão total do passado e do presente e a previsão do futuro) e no terror (não apenas dirigido contra os opositores e inimigos "históricos" - sejam eles os judeus, ou os kulaks - , mas que procura quebrar a espontaneidade dos indivíduos, massificando comportamentos); é um tipo de regime que visa o domínio total dos indivíduos, transcendendo fronteiras e nacionalidades, sendo que os habitantes de um país totalitário se veem engolfados num processo em que só podem ser coniventes (carrascos) ou vítimas (nem que seja por duvidar).
Em suma, O Sistema Totalitário é inegavelmente um esforço intelectual de vulto, uma tentativa brilhante para compreender um fenómeno que marcou o século XX, e que, por isso mesmo, merece a leitura.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

"A Papoila e o Monge", de José Tolentino Mendonça

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O silêncio tende a soterrar o pensamento / mas também dele / o pensamento vive (in A Papoila e o Monge)
Uma coisa é certa: A Papoila e o Monge conseguiu reaproximar-me da poesia. Há uns tempos atrás entrei numa livraria e tentei ler o novo livro de José Tolentino Mendonça; porém, às primeira páginas não consegui prosseguir. Esta obra, que reúne mais de uma centena de haikus (forma poética de origem japonesa composta por três versos), é por si mesma um convite ao silêncio (os primeiros trinta poemas desenvolvem-se precisamente em torno do tema do silêncio) - ou, posto de outra forma, um convite a uma leitura pausada, desfrutada, refletida. Então, inesperadamente, uma amiga ofereceu-me este livro.
Tolentino Mendonça é uma personalidade literária que muito me agrada, como já tive oportunidade de escrever; considero a sua poesia bastante singular no panorama português, por isso é sempre com alguma expetativa que acolho os seus livros mais recentes. Nos kaikus de A Papoila e o Monge, além do silêncio, são evocados o sentimento religioso (o recolhimento do monge, o sentido do peregrino), a deambulação e a abertura ao que nos rodeia (a contemplação, a capacidade de nos deleitarmos).
Os poemas de Tolentino Mendonça, no espírito da melhor tradição na escrita de haikus (ao que julgo saber), são bastante elegantes, contidos, quase frágeis (como o são, aliás, todos os homens e todas coisas do mundo...); neles não é difícil descortinar a sensibilidade e delicadeza expressiva que tanto aprecio na escrita do autor. Uma obra que, portanto, me agradou sobremaneira, e que muito recomendo.

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

"Libra", de Don DeLillo

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Há dias comemorou-se o cinquentenário do assassinato de John Fitzgerald Kennedy. Muitos foram os documentários que, em Novembro e Dezembro, passaram nos vários canais de televisão. Imbuído no tema, revi JKF, filme realizado por Oliver Stone (que retrata a reabertura da investigação por Jim Garrison, cético quanto à tese do atirador solitário e, assim, favorável à existência de uma conspiração).
Juntando o útil (ler um primeiro livro de Don DeLillo, considerado um dos maiores escritores americanos no ativo) ao agradável (continuar a navegar no tema), parti para este livro. Porém, nunca a leitura teve por motivação qualquer demanda em busca de uma verdade qualquer; tenho tido a capacidade (espero eu!) de, ao longo de anos como leitor, compreender que um livro de ficção é isso mesmo - um livro de ficção - e, como tal, não tem que fornecer quaisquer chaves para descodificar a realidade (ainda que, por vezes, apareçam uns "romances" de tese com pretensões de realidade - mas também, e talvez sobretudo, pretensões de venderem milhões de exemplares, numa lógica que subordina a verdade à lógica de mercado). DeLillo, aliás, esclarece numa nota final que o seu livro não tem quaisquer pretensões de solucionar um dos casos mais enredados (a um nível quase esquizofrénico) da história americana recente.
Como americano, e independentemente da "tese" (ou rumo) seguido para construir o trama ficcional, é natural que Don DeLillo tenha sido marcado por este caso, ao ponto de decidir debruçar-se sobre ele e publicar Libra no vigésimo quinto aniversário do assassinato.
Neste livro, o autor cria uma teia de relacionamentos, factos (reais ou inventados), coincidências, e relata a génese e desenvolvimento de uma conspiração que, quase por acidente, tropeça em Lee Harvey Oswald, figura oficialmente apontada como o presumível autor do atentado. Há duas linhas narrativas principais detetáveis, que se vão alternando e aproximando (até, por fim, coincidirem): a primeira linha (cada capítulo recebe o nome do local onde decorre a ação) segue cronologicamente o percurso algo itinerante de Oswald da infância até à morte; a segunda linha (nesta os capítulos referem-se a dias concretos) segue a investigação de Nicholas Branch, operacional reformado da CIA encarregue da escrita de uma história do caso, e caracteriza-se pelo recuo a certos momentos chave da cronologia da conspiração.
O trabalho de reconstituição feito pelo personagem Nicholas Branch pode ser visto, de forma metafórica, como o esforço de Don Delillo (a investigação inerente à sua ficção): encerrado numa divisão de sua casa, rodeado de documentos vários que não param de chegar, tenta solitariamente compreender (como tantos americanos desde 1963) o que realmente aconteceu. Apesar dos momentos de desânimo e inevitável confusão, gerados pela existência de indícios contraditórios, sinais indecifráveis e dados de difícil avaliação, Branch - como Delillo - avança...
Curiosa é a forma como Lee Harvey Oswald é caracterizado. Ao longo das páginas de Libra, Oswald é descrito como um inadaptado, de caráter inconstante, com tendências algo megalómanas (convencido a cada momento, e apesar das constantes mudanças de rumo, da sua previsível futura importância histórica, sentindo-se ocasionalmente a agir para a posteridade); o autor também lhe imputa uma certa imaturidade intelectual (perfeitamente verossímil aliás, especialmente se tivermos em conta que morreu com apenas 24 anos), visível, por exemplo, na forma pouco consistente como digeriu o que leu sobre o comunismo.
No enredo construído por Delillo, Oswald acaba por encaixar perfeitamente no perfil traçado por uma rede de conspiradores (ligados à CIA e a grupos relacionados com a questão cubana) que pretende atentar contra a vida do presidente dos Estados Unidos. Oswald acaba, assim, por ser manipulado (como se tal missão lhe estivesse predestinada, tendo em conta as suas confusas convicções políticas) não só para participar no atentado contra Kennedy, como também para arcar solitariamente com toda a responsabilidade.
Devo dizer que inicialmente (e não sei até que ponto a tradução influenciou a minha impressão) achei a escrita de Don Delillo um pouco seca, fria, nada cativante. Porém, essa impressão foi-se diluindo gradualmente, à medida em que me fui deixando enredar pela trama. Só um segundo ou terceiro livro do autor, a quem reconheço qualidades (nomeadamente narrativas), me poderão fornecer uma ideia mais clara sobre a escrita deste autor.