quinta-feira, 8 de setembro de 2016

"Morte em Veneza", de Thomas Mann

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Após do arrebatamento provocado pel'A Montanha Mágica, havia que regressar a Morte em Veneza, lido há bastante tempo. Devo confessar que a ideia que tinha desta novela era tremendamente difusa; ainda assim, sabia ter ficado bastante bem impressionado.
A releitura confirmou tratar-se de uma pequena obra-prima, em que estão presentes a escrita de Mann - rica, elaborada, precisa, culta -, o tom elevado das sua reflexões de caráter mais abstrato (sobre arte, a beleza, etc.) e o colorido das suas descrições (tão visível, por exemplo, na sua descrição do nascer do sol),
A história é extremamente simples (e, como é sabido, foi brilhantemente adaptada ao cinema pelo meticuloso Visconti): trata da paixão homossexual de Gustav Aschenbach, um melancólico e austero homem de meia idade alemão, e consagrado escritor, por um adolescente de comprido e claro cabelo encaracolado (Tadzio), numa estância de férias em Veneza. Aschenbach vê no jovem a "beleza perfeita", e por ela se deixa embriagar, contrariando a sua austera racionalidade, que lhe mostra o caratér impróprio do seu amor platónico (especialmente se se considerar a moralidade da alta burguesia de fim de século) e a necessidade de partir para salvaguardar a saúde (quando se apercebe dos ares pouco salubres, ou mesmo epidémicos, de Veneza). A descrição do desassossego do protagonista, bem como das suas ânsias próprias do sentimento amoroso, é, a meu ver, absolutamente exemplar.
Achei tremendamente curioso um aspeto que me remeteu para a nossa atualidade: o modo como as autoridades locais "encobrem" a epidemia, menorizando, para tentar minimizar o impacto económico (turístico).

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