sábado, 1 de abril de 2017

"A Literatura Nazi nas Américas", de Roberto Bolaño

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Bolaño conseguiu tornar-se um dos meus autores. Recentemente li o seu monumental 2666, e de novo pude confirmar a impressão dos dois primeiros lidos livros: Os Detetives Selvagens e Estrela Distante. Este é um escritor original, o seu universo é surpreendente, original, fresco e estimulante intelectualmente; tem ainda uma característica que o aproxima do meu gosto: a literatura prevalece sobre a narrativa (neste caso, sem a anular ou sequer minimizar).
Ao longo da leitura de A Literatura Nazi nas Américas várias vezes me interroguei sobre a que género ficcional pertence essa obra de Bolaño. Certamente que não corresponde ao romance - numa definição mais ou menos conservadora de romance -, nem se trata exatamente de uma reunião de contos, pese embora serem histórias curtas, breves biografias; por outro lado, dado o seu caráter ficcional é impossível considerá-la ensaística, ainda que seja esse o tom narrativo. Será qualquer coisa (Mas para que raio precisamos de rótulos?, podem questionar-me, justamente indignadas, algumas mentes. Somente para nos entendermos melhor, reduzindo o irredutível, traduzindo o intraduzível, sabendo de antemão o caráter redutor deste exercício.)  como um "ensaio ficcional"? Sem dúvida que um dos aspetos que me agrada neste título é, precisamente, a sua heterogeneidade formal.
A Literatura Nazi nas Américas é uma coletânea de biografia de personalidades literárias pan-americanas ficcionais; uma dela, aliás, vai aparecer desenvolvida (ainda que com outro nome) no j+a referido Estrela Distante. Parece-me que nesta confabulação bibliográfica (as dezenas de obras citadas, totalmente imaginárias, aparecem listadas numa bibliografia final) é possível reconhecer algum contacto com a obra de Borges, esse mago confabulador.

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