quinta-feira, 19 de junho de 2014

"A Morte sem Mestre", de Herberto Helder

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Eu gosto da poesia de Herberto Helder. Dito isto, posso dizer que abomino o folclore em torno dos seus livros; julgo, porém, que ao autor agradará esta abominação (expectável, aliás), caso contrário não repetia - ou deixava repetir - a graça pela terceira vez: publicitação do livro apenas com uma semana de antecedência, edição única (e com um preço pouco acessível - pelo menos para alguns), número limitado de exemplares (limitado pela dimensão da entusiástica procura, porque no nosso país é uma anormalidade haver uma edição de poesia limitada a cinco, sete ou dez mil exemplares), corrida louca para apanhar um livinho (ou dois ou três, porque há quem compre a pensar exclusivamente na revenda imediata, a preços imoralmente inflacionados), reais interessados na obra do poeta que ficam de mãos a abanar... Herberto Helder é colocado (e eu mesmo lá coloco flores algumas vezes - mea culpa, mea culpa) num altar muito próprio, como se se tratasse de uma qualquer impoluta divindade poética; não retirando valor à sua poesia (que, como comecei por dizer, admiro), dou por mim a imaginar - especialmente após a leitura deste livro - um riso de escárnio vindo lá do "último andar esquerdo".
Tal como acontecera com Servidões, este livro conseguiu surpreender-me (e repare-se que desta vez até estava preparado). Pessoalmente acho A Morte sem Mestre um livro mais desigual, menos equilibrado, mas tem poemas arrebatadores, com um toque de acidez muito próprio... E mais não ouso dizer.

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